Todo mundo fala que sempre rola a “ansiedade do airlock” para marinheiros de primeira fermentação. Logo no primeiro minuto da fermentação todo mundo quer ver as primeiras bolhas subirem e perceber que tudo vai começar bem na fermentação e que daqui a sei lá quanto tempo você vai ter seu álcool pronto pra ser degustado.
Mas nem sempre tudo são flores. E eu já esbarrei em alguns paradigmas da fermentação.
Meu primeiro problema foi sobre o uso do airlock em si. Em nenhum lugar li que precisava colocar água dentro dele. Eu tinha na minha cabeça que o que fazia as tais bolhas era a tampinha vermelha e não que eram bolhas bolhas! Comecei a usar o airlock sem a água até que vi que tinha uma água condensando no meio dele e em um dia não tinha ouvido nada de bolhas. Fui pesquisar no Youtube para ver como era as tais bolhas e dei de cara com um airlock igualzinho o meu cheio de água! Corri com a pipeta, enchi o meu de água e em menos de 1 minuto já vi a primeira bolha sair, no vídeo acima.
No dois dias seguintes o airlock parou de borbulhar e parece que a pressão dentro do balde caiu um pouco, e ele ficava como que ia soltar uma bolha e de repente voltava, como se o CO2 produzido estivesse escapando por outro lado.
O que fiz em seguida foi vedar novamente o balde, com uma fita melhor um pouco e com mais cuidado. Nesse processo o airlock inverteu a pressao, o que indica que um pouco de ar deve ter entrado no balde, mas nada que deva afetar o processo ou oxidar meu hidromel.
Depois disso resolvi tirar o balde fermentador de perto de mim e o coloquei no meu calabouço (nome com o que chamo o quarto de empregada no subsolo do prédio — condições horríveis para uma pessoa ficar lá, mas ótimas para um hidromel!) e esqueci dele durante uns dias. Não queria ficar na tal da ansiedade de todo dia esperar ver uma ou outra bolha.
“Airlock não é densímetro ou refratômetro!”
Essa quote acima foi uma das coisas mais importantes que aprendi lendo o pessoal no grupo do Facebook e também ouvindo de amigos homebrewers cervejeiros. A melhor forma de saber se sua fermentação está acontecendo é medindo o mosto com as ferramentas próprias para tal.
No décimo dia da fermentação resolvi tirar uma amostra do meu hidromel (nem sei se ele já pode ser chamado assim) e medir o quanto minhas leveduras já trabalharam e o quanto já produziram de álcool.
Ao chegar no calabouço a primeira coisa que notei — não tinha como não olhar e esperar subir uma bolhinha, né? — foi o airlock, e a situação me assustou um pouco. A pressão dentro do balde está muito mais baixa do que deveria estar e ainda observei um pouco de condensação dentro do airlock, o que não me parece ser normal.
Como não tenho muito a fazer sobre o airlock, peguei minha amostra, e vim para a cozinha fazer a medição. Cheguei a um valor de aproximadamente 16º brix no refratômetro, me indicando uma densidade de 1064. Aparentemente estou com um ABV de 3,1%, considerando meu OG de 1088. A análise visual do hidromel está bem bonita, um amarelo clarinho. O odor está um pouco estranho, me parece bem ácido, mas com um cheiro marcante de mel e uva-passa ainda.
Ainda não sei se devo colocar algum nutriente pra levedura ou se a fermentação está acontecendo como deveria, a bibliografia sobre hidromel na internet é muito pequena e não consegui analisar o desempenho da minha fermentação. 🙁
Isso me deu uma ideia de crowd-intelligence que vou tentar aplicar e estabelecer padrões de comparação para os novatos no mundo do hidromel!
Eu estou nessa parte do meu processo mas não sei se devo tirar uma amostra ou não (medo de contaminação)